Série: Mexendo nas bases [Parte 4 (Final)]

Nietzsche ataca ferozmente o cristianismo e seus princípios. Argumenta que tudo não passa de uma invenção mesquinha de alguns homens para se beneficiarem às custas dos fiéis. Criaram obstáculos, ajudas, recompensas e um super herói igual ao que todo homem quer ser: super poderoso, inteligente, perfeito, grande, invencível, etc., e mudaram os nomes para pecado, escrituras, céu e Deus. E agora? O que resta?

Não podemos provar que os argumentos de Nietzsche são falsos ou verdadeiros. Mas também não podemos provar que os da bíblia são. Mas consideremos que a verdade está no que Nietzsche disse, o que nos resta?

Nossa fé está baseada totalmente em um livro? Nosso bom comportamento é fruto de um desejo de ser recompensado com um céu? Pecado é apenas uma necessidade humana  (assim como a alimentação ou o sono) só que a diferença é que alguém disse que isso é errado? O diabo é algo nada mais nada menos que foi criado para ser culpado pelos nossos erros? Deus é amado por nós porque Ele é a imagem e semelhança do que gostaríamos de ser? Será que é por isso que alguém escreveu que nós seríamos iguais a Ele? 

Quais são nossas bases? É só isso? Se é, Nietzsche jogou muito bem e nossa torre está caindo.

E se não existisse bíblia? Conheceríamos Deus? Se você responder que não, então você está dizendo que a existência de Deus, pra nós, depende da existência da bíblia. Dessa forma, Nietzsche está certo. Deus é apenas um personagem criado por um livro muito bem feito.
E se não houvesse pecado? Haveria necessidade de um céu? Se não há o que vencer, pra que se precisa de um pódio, correto?

Eu perguntei a alguém o que seria do mundo se a bíblia não existisse. Esse alguém me respondeu que acredita que as pessoas seriam como eram antigamente: adorando vários deuses e criando mais pra si baseado no que elas desejavam.
Mas você não acha que com essa resposta, Nietzsche contra argumentaria dizendo que é exatamente por isso que se inventou um único Deus? Pra fazer o que todo os outros foram criados para fazer! Com essa resposta, você está dizendo que Deus só é o que é por causa da bíblia. Você percebe que toda a base da nossa fé está na bíblia?

"Isso é errado, Eliab?" Claro que não. Afinal, realmente eu não conheceria a Deus, como conheço hoje, sem ela. Mas dizendo isso eu não estou dando razão ao que Nietzsche disse? De certa forma, sim. Mas a minha proposta para essa série é justamente essa: Fora a bíblia, o que poderia testificar nossa fé? Qual é o outro argumento que você tem para usar, para defender ou até mesmo para fortalecer sua fé além da bíblia? Como nós podemos enxergar Deus sem estar baseado nas escrituras? Como nós podemos fazer o bem sem achar que isso vai gerar um certo tipo de felicidade em Deus por eu ter feito isso e dessa forma serei recompensado?

Eu não quero excluir a bíblia com essa série. Eu não quero anulá-la. O que eu quero é, primeiro, mostrar que há pensamentos e argumentos que a refutam com facilidade. Como você pode confiar num livro que foi escrito por outros homens? Ah, eles foram inspirados por Deus! Jura? E quem disse isso? Bem, eles mesmos. Putz!

Entende?

Eu não quero que você queime sua bíblia agora. O que eu quero é que você possa buscar Deus além dela. Dessa forma você terá mais bases para sua fé. Eu já tenho minhas formas de chegar a Deus sem a bíblia, sem a influência dela. Mas não espere que eu entregue isso de bandeja aqui. Se for assim, vou estar fazendo igual aos sacerdotes que Nietzsche tanto destruiu. Descobrir Deus sem influências de outros, é, sem dúvida, a forma mais segura e mais pura de conhecê-lo. Você se arriscaria a isso?

Eu disse que essa série seria um tanto quanto incômoda. Mas espero que esse incômodo, se gerou isso em você, seja algo que te impulsione a parar, pensar, repensar e continuar sua vida, sua fé. E, assim como no Jenga, os pilares sejam recolocados de forma mais organizada e segura afim de não derrubar toda a torre. Não tente derrubar a torre do Nietzsche, afinal, foi ela que me ajudou a montar uma mais forte do que a que eu tinha. E agora eu tenho duas (e até mais) torres para jogar. Se eu consegui, você também consegue. É tudo uma questão de liberdade para se aventurar no redescobrimento de Deus.



Abraço,
Eliab Alves Pereira

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