Quando o assunto é o processo de avaliação no mundo corporativo, a discussão é grande e os métodos são diversos. Se é complicado assim nas empresas, imagine para as igrejas. Muitos são os valores para saber se um ministério foi bem sucedido ou não. Isso piora ainda mais quando se trata da criação de filhos.
Lembro quando tinha uns 9 anos de idade, meus pais leram uns livros gringos sobre educação de filhos, que ensinava como avaliar diariamente o comportamento de cada filho.

Eles fizeram , em uma grande cartolina, uma tabela que listava todas as tarefas que a gente precisava fazer durante o dia e, cada final de noite, eu e meus dois irmãos íamos para o escritório dos meus pais e fazíamos um check list, colando uma estrela dourada em cada item que foi cumprido no dia.
Tinha que escovar os dentes 3 vezes, estudar por 1 hora, treinar violão, não deixar roupa no chão do quarto e aí por diante.
Depois de duas semanas meus pais começaram a ver que não estava dando muito certo este tipo de avaliação, pelo menos comigo. Pois a cada dia meus irmãos ganhavam estrelas e eu raramente ganhava uma.
Pra piorar, quando um dos filhos fazia uma grande malcriação ganhava uma bolinha negra.
Lembro do desânimo que eu tinha de entrar naquela sala todas as noites, pois sabia que na maioria daqueles itens eu fracassava.
Quando meus pais viram que os meus irmãos usavam o fato de ter mais estrelas para me provocar em nossas brigas eles pararam com essa avaliação.

Hoje eu e meus irmãos damos boas risadas em volta da mesa, ao lembrar desse e de outros episódios, apesar da minha mãe não gostar de lembrarmos disso.
Onde estava o erro desse método de avaliação? Estava em não existirem estrelas para abraços!
Pois é, teria resolvido o problema se tivessem estrelas para quem dava abraços, para quem elogia, senta e ouve uma boa história, ou até para quem conta uma boa história do que viveu no dia.
Não podemos avaliar igrejas, ministérios e muito menos pessoas, simplesmente por tarefas práticas executadas. Isso nem é mais aceito no mundo corporativo, quanto menos no reino de Deus.

Não acho que tarefa cumprida não deva ser cobrada, ou que a rebeldia não deva ser disciplinada, mas não podemos mais deixar escondidos os atos relacionais como elogios, abraços e pessoas que ouvem.
O método de resultado apenas, não iria funcionar no ministério de Jesus, pois a cruz aparentemente não deu resultado imediato, ninguém foi com ele até ela naquela tarde, ele acabou sozinho. Mas mesmo sendo avaliado como um fracasso pelos homens a cruz é a maior prova de amor, deu sentido as pessoas que foram curadas e restauradas com seu toque, suas palavras e sua atenção, para isso não teriam estrelas suficientes para colar.


Texto de Marcos Botelho